terça-feira, 10 de setembro de 2013

José Alcides Pinto - A Face do Enigma


                    Geraldo Jesuíno da Costa
 
 Alcides Pinto por Geraldo Jesuino


                Quando, em 2002, fez-se à lume A Face do Enigma José Alcides Pinto e sua Escritura Literária -, JAP, que em sua branca e quixotesca armadura, cavalgava solene, amparado pela inquietude do seu gênio, arrefeceu o passo, rendeu-se, arremessou braços aos céus numa prece e, com sua draconiana aura, rompeu um silêncio. 

                O opúsculo que se lançava ao mercado editorial, em esmerada e limitada edição de exemplares numerados, continha em seu corpus o resultado de longa e minuciosa pesquisa de Dimas Macedo na busca de traçar um perfil daquele enigmático escritor. Exibia, ainda, além dos decassílabos e entrevista nos quais o autor confessa inconteste admiração, 12 gravuras exclusivas, reveladas na madeira pelo dom de renomados artistas cearenses que, com elas, gravavam para a posteridade, ao criador de O Amolador de Punhais, as suas reverências.

                Agora, vencida uma curta calmaria e em tempo de memórias, rompe-se outra vez o silêncio. Embora já não se escute mais o urro do desaquietado dragão, ainda é possível e necessário ouvir o ruflar das suas asas, quase quietas, mas ainda a sacudir os ares das terras escaldantes de São Francisco do Estreito. De lá, JAP, O Enigma, embora recluso, ainda deixa à mostra a força da sua energia, ainda exerce o fascínio exuberante da sua literatura e ainda mantém acesa a aura que o envolve em mistério. 

              Louco, maldito, mítico, místico, monge, ícone, gênio ou simplesmente um homem que se atreveu a trazer para esta, aquela esfera só permitida aos deuses e aos poetas?  Talvez suas tantas identidades sejam necessárias para entendê-lo, talvez não lhe reconhecer nenhuma seja a chave para desvendar-lhe o mistério. Relevantes, sabemos, são: a sua obra e a incessante investigação crítica da sua identidade.

                 Reedita-se agora o evento – relevando seus entes, sua vida, suas inquietas e desafiadoras letras e suas insólitas páginas – e se o conclama do seu curto descanso a colocar-se entre nós, a ocupar o seu lugar de direito nos degraus mais altos da literatura brasileira.

                Outra vez, A Face do Enigma. Agora, Dimas Macedo, alforjado somente de sua argúcia de pesquisador, qual franciscano, despe-se solenemente das suas merecidas vestes de poeta, despoja sua obra e a republica como uma prenda rara, assumindo-se admirador, guardador das memórias e amigo incondicional de José Alcides Pinto.

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